segunda-feira, outubro 10, 2005

Entrevista não é monólogo

A entrevista é um gênero fino do jornalismo conteporâneo. Por meio dela, o jornalista é capaz de criar um rico diálogo com a fonte, que se posiciona, que denuncia, que esclarece, que reage, que polemiza, enfim, que se destaca a partir de idéias ou denúncias divulgados massivamente.

Há que se ter sempre um posicionamento firme com a fonte. Atenção e questionamento para testar o limite de determinados posicionamentos do entrevistado. A boa entrevista então é um diálogo rico.

Contudo, com o advento do email, muitos jornalistas transformaram a entrevista em um verdadeiro monólogo. Passa-se uma listinha de perguntas para o entrevistado (que responde o que quer), que racionaliza uma resposta, montando um discurso coeso (já editado). Cabe o jornalista só colocar os "contra-planos", fingindo criar uma interação dialógica. Quem sai perdendo é o leitor, que percebe que aquilo que seria um consenso gerado a partir do diálogo, torna-se palavras de ordens monolíticas feitas pela fonte.

O jornalista cede então a lógica do espetáculo. Cede a tentação do título fraseado (q muitas vezes não diz nada com nada).

Bom jornalista interpreta muito, opina pouco e contesta muito.

Por favor, salvem a entrevista!!!!