Entrevista não é monólogo
A entrevista é um gênero fino do jornalismo conteporâneo. Por meio dela, o jornalista é capaz de criar um rico diálogo com a fonte, que se posiciona, que denuncia, que esclarece, que reage, que polemiza, enfim, que se destaca a partir de idéias ou denúncias divulgados massivamente.
Há que se ter sempre um posicionamento firme com a fonte. Atenção e questionamento para testar o limite de determinados posicionamentos do entrevistado. A boa entrevista então é um diálogo rico.
Contudo, com o advento do email, muitos jornalistas transformaram a entrevista em um verdadeiro monólogo. Passa-se uma listinha de perguntas para o entrevistado (que responde o que quer), que racionaliza uma resposta, montando um discurso coeso (já editado). Cabe o jornalista só colocar os "contra-planos", fingindo criar uma interação dialógica. Quem sai perdendo é o leitor, que percebe que aquilo que seria um consenso gerado a partir do diálogo, torna-se palavras de ordens monolíticas feitas pela fonte.
O jornalista cede então a lógica do espetáculo. Cede a tentação do título fraseado (q muitas vezes não diz nada com nada).
Bom jornalista interpreta muito, opina pouco e contesta muito.
Por favor, salvem a entrevista!!!!
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